Ano Novo. Calendário cristão, calendário budista...tantos calendários com tantas datas e números. Qual o ano da Via Láctea? E o ano do planeta Terra? E o do Sistema Solar? E quem sabe quando foi o princípio? Houve um princípio? Se tudo começa e termina, onde começou o tudo? Onde terminará? E o nada, já era ou acontecerá?
Ano de doze meses, alguns com mais um dia, outros sem ele. Calendário solar. Houve calendário lunar. Quantas luas? Quantos dias? Quantos sóis?
E se chover, se ficar nublado, se nada se puder ver? Ver o nada. Nada anda. Nada ando. Nadando. Braçadas imensas que atravessam montanhas e abraçam países, penetrando nas entranhas da Terra. E se um dia o dia não amanhecer? Fez-se a noite. Teria a noite nascido no final do primeiro dia ou do sétimo? Ou a noite não nasce apenas anoitece? E se não mais anoitecesse? E se a Lua se perdesse no infinito? Iria a Terra atrás dela? Cairia Marte sobre nós?
Paz na Terra sem mais guerras. Internas batalhas do eu com o eu se tornam guerras entre irmãos. Seria essa a sina, a missão, a própria artimanha da criação?
Quem é que respira, ofega, palpita? Quem percebe o pensamento se formando com um tormento? Quem se acalma e tranquiliza, relaxando tensões, encontrando razões de ser feliz em meio a tanto ir e vir de gente, emoções, aviões e pavões.
Povos indígenas, rezem por nós. Povos africanos, orem por nós. Povos asiáticos, meditem por nós. Povos europeus, povos americanos, povos australianos e o Australopithecus erectus. Mantenham-se eretos. Povos sábios e povos insanos, dementes, tiranos. Povos bondosos e povos errantes. Povos sedentários, cuidando das terras, plantando, colhendo. Itinerantes com gado andante. Ciganos cantantes com honra, mantendo as tradições, os compromissos de sangue. O seu no meu. O meu no seu.
O nosso sangue que jorra irmanado nos rios, nas cachoeiras, nas praias e nas donzelas fagueiras é o mesmo sangue do nascimento e da morte de cada centelha de vida.
Há grupos que comemoram o Ano Novo em outras épocas, que também são novas, pois cada instante é renovação. Havia a tradição de comemorar o fim do inverno, a alegria dos primeiros botões de ameixeira branca, nos galhos cobertos de neve. A vida renascendo. Um novo ciclo recomeçando. Ano Novo.
Que seja feliz, que seja ameno, que seja estressante o suficiente para criarmos com entusiasmo mais produção, mais trabalho, mais arte, mais alimentos, mais compartilhar, mais carinho, mais de tudo que agora me parece bom e decente. Entretanto, será que meu canto não é reticente? Da ordem cósmica, o que é que eu entendo?
Que seja o melhor para o maior de seres. Que todos possam encontrar o caminho de casa. A casa que acolhe, que une, que nutre, que alegra e instiga a melhorar.
Crescendo, crescente lua minguante no sol do poente.
Amém. Axé. Shalom. Pax. Assim sendo, seja. Heiwa.
Fonte: Viva Zen, Monja Coen, Publifolha
Assista ao aplaudido curta Five:
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