Iemanjá era filha de Olocum, a Senhora do Mar.
Um dia Iemanjá foi viver no continente
e sua mãe lhe deu uma cabaça mágica,
que a ajudaria numa situação de perigo.
Iemanjá se casou com o rei Oquê, a Montanha,
e com ele viveu em paz por muito tempo.
Mas um dia os dois se desentenderam
e Iemanjá fugiu de casa correndo.
Oquê foi atrás, em perseguição.
Na fuga desesperada, temendo ser alcançada,
Iemanjá tropeçou e caiu na estrada
e, na queda, a cabaça mágica se partiu.
A água da cabaça encharcou o chão
e ali Iemanjá se transformou num Rio.
O Rio pôs-se a correr em direção ao Mar.
Era Iemanjá fugindo para a casa da mãe.
Então, para impedir que a esposa escapasse,
Oquê se transformou na Montanha
e se atravessou no caminho do Rio.
Iemanjá gritou por seu filho Xangô, o Trovão,
E ele, em meio a trovoadas, lançou um raio
e o raio abriu uma fenda, seguiu seu curso
e chegou em segurança ao Mar.
Iemanjá voltou para a casa de Olocum.
Quando Iemanjá herdou da mãe o reino do mar,
tudo ali era uma preciosa maravilha.
Naquele tempo, a superfície do mar era calma e cristalina
e o fundo das águas limpo e cheio de vida.
Quando os homens habitaram a terra,
quiseram também dominar os mares.
Os homens começaram a tratar o mar como tratam a terra:
com desprezo, descuido e desamor.
Tudo o que para eles era lixo, jogavam no mar.
O reino de Iemanjá ficou imundo e feio,
os peixes escassearam, as algas perderam o esplendor,
as conchinhas que cobriam as areias da praia
como minúsculas estrelas brilhantes logo rarearam.
Baleias, golfinhos, polvos, cavalos-marinhos, focas,
caramujos, lulas, siris, lagostas, ostras, mariscos, mexilhões
e todas as criaturas que habitam o reino de Iemanjá
tiveram sua casa prejudicada pelo descaso dos humanos.
Iemanjá, o Mar, foi se queixar a Olorum, o Senhor Supremo.
Olorum ficou com pena de Iemanjá e lhe deu novos poderes.
Com eles, Iemanjá criou as ondas e as marés,
que jogam de volta à praia, às vezes com violência,
o lixo e os dejetos que os homens lançam ao mar.
Com a fúria de ondas, vagas, vagalhões, ressacas,
Iemanjá defende seu reino marinho.
Iemanjá se defende a si mesma da irresponsabilidade humana.
Seu poder é grande e ela muitas vezes castiga os humanos com dureza.
Ela afoga os pescadores imprudentes e lança seus corpos inertes à praia.
Defende seus peixes, suas conchas, suas algas
e tudo o mais que existe sob as águas e na sua superfície.
Por isso os pescadores que vão ao mar em busca de sustento
sabem que sua sorte depende da boa vontade de Iemanjá.
Eles oferecem muitos presentes a Iemanjá, o Mar,
conforme Ifá, o Adivinho, não cansa de aconselhar.
Fazem festa para Iemanjá nas praias.
Levam para ela flores, perfumes, espelhos e pente
e tudo o mais que é bonito e faz feliz o coração de uma mulher.
Eles adoram e a chamam de mãe.
Adoram Iemanjá, cujo nome quer dizer Mãe dos Peixes
na língua dos africanos iorubás.
Também a chamam de Odoiá, que quer dizer Mãe do Rio
a língua dos africanos iorubás.
Eles a festejam e a chamam de Rainha do Mar.
Fonte: Xangô, o Trovão, de Reginaldo Prandi, Companhia das Letrinhas
REZA
(Pretinho da Serrinha / Vinicius Feyjão / Nego Alvaro)
Pra dona do mar nos abençoar (Reza)
Pro amor florescer, pro bem imperar (Reza)
Reza pra quem não crê, reza pra conquistar
Reza pra agradecer o dia que vai chegar
Reza é pra quem tem fé nas lendas que vêm de lá
Reza pra proteger tudo nesse lugar
Inaiá
Inaê inaê inê
Inaê inaê iná
Inaê inaê inê inê á
Inaê inaê inê
Inaê inaê iná
Inaê inaê inê inê á
Reza
Pra dona do mar nos abençoar (Reza)
Pro amor florescer, pro bem imperar (Reza)
Reza pra quem não crê, reza pra conquistar
Reza pra agradecer o dia que vai chegar
Reza é pra quem tem fé nas lendas que vêm de lá
Reza pra proteger tudo nesse lugar
Inaiá
Inaê inaê inê
Inaê inaê iná
Inaê inaê inê inê á
Inaê inaê inê
Inaê inaê iná
Inaê inaê inê inê á
Reza
Pra dona do mar nos abençoar (Reza)
Pro amor florescer, pro bem imperar (Reza)
Reza pra quem não crê, reza pra conquistar
Reza pra agradecer o dia que vai chegar
Reza é pra quem tem fé nas lendas que vêm de lá
Reza pra proteger tudo nesse lugar
Inaiá
Inaê inaê inê
Inaê inaê iná
Inaê inaê inê inê á
Inaê inaê inê
Inaê inaê iná
Inaê inaê inê inê á
Inaê inaê inê
Inaê inaê iná
Inaê inaê inê inê á
Inaê inaê inê
Inaê inaê iná
Inaê inaê inê inê á
Reza
Doce, meiga e querida mãe Iemanjá
Limpe os nossos corações de todas as maldades e malquerências
Que os nossos corpos, tocados por vossas águas salgadas
Libertem-se, em cada onda que passa
De todos os males materiais e espirituais
Inaiá (Reza)
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